terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Baiano! Quem por mim irá beber?

Baiano e Tata, no campeonato masters de 2007

Equipe do Ouro Preto, das últimas participações do Baiano

De carona com o Joel, do Rejeitados, chegamos na Vila Iasi. E no primeiro encontro da domingueira, o Claudemir, do Guayanã, alertou:

- Tenho má notícia. O Baiano morreu.


Sabia que o amigo Baiano vinha mal de saúde, há algum tempo. Mas daí encarar a realidade de sua morte, digo, foi barra.


As semifinais do campeonato masters deu vivas aos vencedores, enquanto, os que perderam, resta o conforto do nosso futebol varzeano.


Futebol varzeano que perdeu muito de sua alegria, com partida prematura do Baiano Black Coco.


Cinqüenta e quatro anos somente, findados no sábado, 6, deste 2008, que agora arrasta o mês derradeiro.


Falar do Baiano Black Coco, Babá, Zé Luiz, da forma diversa como era chamado, é reprisar lances e histórias. Vistas e contadas por aqueles que viveram nossa geração naquela intensa várzea.


Eu tive duas passagens marcantes ao lado do Baiano. Uma quando jogamos pelo EC Jd Roberto, ainda nos anos 70.


Ali, sermos campeões da Copa Rosana, disputada no campo do SAJU, foi nossa maior curtição.


Outra, já na casa dos trinta e cinco anos, quando vencemos a 1ª Copa Martinica de Veteranos.


Fazer o meio campo com o Baiano era tocar e receber na mesma medida. Redonda.


O Parados do Martinica era o encontro domingueiro. E não era só dentro de campo jogando futebol. A coletividade daquele time cativava.


Encontro-me diante do esquife e o inconformismo bateu longo.


A frieza gélida percorreu meu corpo quando toquei tua mão pela última vez.


Procuro ânimo no momento destas palavras, terça feira e a conformação apazigua.


Não posso ser mais o mesmo. Eu, testemunha de um tempo, vou ficando cada vez mais solitário.


Com o Baiano aprendi beijar a face de quem temos prazer em rever.


Só que, neste nosso derradeiro encontro, em meu beijo seguem lágrimas de despedida.


Não posso deixar de lembrar um fato. Zé Carlos, ponta direita do Martinica, quando morreu, velamos seu corpo no cemitério do Embu.


Eu, Baiano e o Tuica, nosso leitão voador, goleiro. Saímos na madrugada atrás de um boteco perto do velório, e resolvemos beber o Zé Carlos. E bebemos.


Poucos anos atrás, faleceu o Tuica. E lá estávamos nós no enterro. Eu e o Baiano bebemos o Tuica, no bar da esquina, com moderação.


Agora, sozinho, preso ao balcão próximo do Cemitério da Saudade, saboreio amargura sem tamanho.


Estranha ironia, o copo vazio, ao fundo, leio em pensamento...


Quem por mim irá beber, Baiano...?


Ouro Preto, última morada de Baiano no futebol varzeano...

Baiano (esq) e amigos do Ouro Preto, onde reside a saudade...